quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010




Sou o que não posso ser

Não podemos ser nós
Por nós mesmos...
Há muito de minha mãe em mim,
De meu pai, de amigos,
De inimigos, de estranhos...

Sou como mel que não consegue
Ser mel por si só
Mas néctar de milhões de flores
E como abelha, vou sugando
De estranhos o conhecimento
A experiência e a coragem.

Estranhos que não conheço
Que não conhecem-me
Mas cientes do compartilhamento
Pois aquilo que pareço ser
Não é aquilo que sou
Se não fragmentos de livros
De som, de sabor e de imagem...

Não posso ser o que não acabou
O que não acaba é continuo
Uma construção sem fim
A imensidão de um deserto
Com bilhões de bilhões
De grãos de areia.

Sou uma vastidão
Sou ermo de mim
Pois sou todos em um
O grande deserto
Onde trilho
Minhas idas e vindas
Meus vôos...
Minhas decaídas...
Davi Roballo

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